Inquieto e criativo, Arnaldo Antunes completou 60 anos em setembro. A data passou discretamente pois, diante da situação atual, ele não estava muito em clima comemorativo. Mas o artista acabou concordando e gostando do documentário Arnaldo, Sessenta, produção original da Globoplay que marca a data redonda e passeia pela música, poesia e artes visuais, mostrando as múltiplas facetas de Arnaldo Antunes.
“Esse documentário foi o melhor presente de aniversário que eu poderia receber na minha entrada nos sessenta. Me deixou emocionado. Fiquei surpreso com a pesquisa dos materiais antigos, vários deles desconhecidos ou esquecidos por mim. E a maneira natural como eles adentram a conversa me deram a sensação de ter revisto meu passado com integridade. Parece que as coisas que fiz fazem mais sentido agora, nutrindo o que faço atualmente” afirma o cantor.
Com direção de Gian Belloti, o filme tem como como fio condutor uma longa entrevista do cantor ao jornalista Pedro Bial. E traz 11 apresentações musicais, dois novos poemas, Saga e Um Deus, e imagens de arquivo, muitas delas inéditas. “Inspirado no universo do Arnaldo, eu diria que o documentário é uma deliciosa prosa cubista” afirma Bial, acrescentando que a produção não tem a pretensão de ser uma biografia definitiva – “até porque Arnaldo ainda tem muito a escrever na sua história”.
No depoimento a Bial, Arnaldo lembra momentos marcantes da sua trajetória, reflete sobre as múltiplas facetas de sua personalidade artística e fala sobre a chegada aos 60 anos em 2020, em meio à quarentena provocada pelo coronavírus. “Ideologicamente, eu fico reativo a essa comemoração. Todo dia é um novo aniversário, a gente está renascendo a todo instante. Mas, por estarmos na pandemia, eu fiquei mais tocado com isso. É a entrada na terceira idade, uma data redonda, vêm muitos flashbacks da vida”, comenta . E faz questão de frisar que a chegada à maturidade não se traduz em conformismo. “Tem que manter a inquietude. Não me agrada acreditar que a idade vai deixar você mais apaziguado. Eu continuo achando a estranheza fundamental”, complementa.
As canções escolhidas por Arnaldo nesse projeto contemplam diferentes fases de sua longa e rica obra. Dos Titãs (Comida e O que) ao disco mais recente (O Real Resiste, João e De Outra Galáxia), passando por sucessos da fase solo (Alegria, Socorro, Alta Noite e Contato Imediato) e dos Tribalistas (Passe em Casa e Vilarejo). Os números foram gravados em duas formações: voz e piano, ao lado do pernambucano Vitor Araújo e trio com Betão Aguiar (violão e guitarra) e Curumim (bateria e programações). “Uma das coisas mais difíceis da pré-produção foi a escolha do repertório.
” A vitalidade dele aos 60 anos à frente do microfone é incrível”, afirma Gian Belloti. As apresentações musicais aconteceram no teatro do Sesc Pompeia, em São Paulo, mesmo lugar onde os Titãs fizeram o seu primeiro show, em 1982. E foi nas “oficinas de criatividade” do Sesc que Arnaldo criou o cartaz para o lançamento de seu primeiro livro.
![]() |
Tuna na direção do filme Bahia de Todos os Exus, de 1978 (Foto: Divulgação) |
Site reúne trabalho de Tuna Espinheira
O cineasta baiano Tuna Espinheira (1943-2015) tem sua vida e produção resgatada e unificada no site www.cinemadetuna.com.br, que acaba de ser lançado. Com biografia em linha do tempo, toda filmografia organizada e detalhada, levantamento de matérias em veículos de imprensa e uma galeria de imagens mantidas pela família, a página democratiza o acesso a um importante acervo do audiovisual da Bahia.
A realização é fruto do projeto O Cinema de Tuna, idealizado por Rosa e Yara Espinheira, respectivamente filha e esposa do artista. Temas da cultura da Bahia e do Brasil ganham espaço no trabalho do cineasta, que assinou filmes como Atrás do Trio Elétrico só não Vai Quem já Morreu (1972), Bahia de Todos os Exus (1978) e Viva o 2 de Julho (1997). Seu único longa de ficção, Cascalho (2004), foi baseado em romance homônimo de Herberto Salles.
Com produção da Giro Planejamento Cultural, o projeto foi contemplado pelo Edital Setorial de Audiovisual 2019, tendo apoio financeiro do governo do estado.
![]() |
Manuela Rodrigues mostra o show Aqui e Agora (Foto: Sara Regis/Divulgação) |
Manuela Rodrigues faz show no Gamboa
A cantora Manuela Rodrigues apresenta neste sabado (07), às 19h, e domingo (08), às 17h, no plco virtual do Gamboa, o show Aqui e Agora, criado especialmente para a ocasião. Ela interpreta canções autorais e de compositores consagrados que conectam e fazem uma reflexão sobre o momento aual. O repertório traz canções como Marcha do Renascimento, Pra Afugentar o Medo e Qualquer Porto, além de canções como Meditação, de Gilberto Gil, e Mamãe Coragem, de Caetano Veloso e Torquato Neto. O show integra a programação especial Novembro Negra, que destaca performaances de aristas negras durante todo o mês. Os ingressos custam R$ 20 | R$10 e estão disponíveis no https://www.teatrogamboaonline.com.br, onde também é possível conferir toda a agenda do mês.
![]() |
Foto: Divulgação |
Três álbuns de Tim Maia chegam ao streaming
Depois de anos indisponíveis, três discos de Tim Maia acabam de chegar às plataformas digitais. Os álbuns Tim Maia (1978), Nuvens (1982) e Dance Bem (1990) foram financiados e produzidos pelo próprio artista, por meio dos selos Seroma (as iniciais de Sebastião Rodrigues Maia, nome real de Tim) e Vitória Régia. O álbum de 1978 está incompleto nos serviços de streaming. Das nove faixas originais, apenas cinco estão disponíveis. O disco é o primeiro que Tim gravou totalmente em inglês e teve tiragem modesta à época do lançamento, tornando-se cobiçado por colecionadores.
Um dos mais obscuros discos de Tim, Nuvens traz a bela faixa-título escrita por Cassiano, que compôs o primeiro hit do cantor, Primavera. Também vale conferir a releitura de Na Rua, Na Chuva, Na Fazenda (Casinha de Sapê), da lavra de outro amigo do artista, Hyldon, e o funk Haddock Lobo Esquina com Matoso, na qual relata como conheceu Jorge Ben, Roberto e Erasmo Carlos. Já o animado Dance Bem traz regravações de sucessos de Tim com novos arranjos. Acenda o Farol, Vale Tudo e O Descobridor dos Sete Mares estão no repertório
Fonte: Correio