Vocês sabiam que o Macaco Simão, o jornalista José Simão, teve uma loja em Salvador? Chamava-se Bazar Talismã Tropical, vendia livros, revistas, discos, roupas, brindes e outras coisas interessantes. Era um buchicho frequentado pelos baianos descolados.
Pois é. Isso foi nos anos 1980, antes da explosão da cena axé que transformou a cidade e principalmente nosso Carnaval, e cujo ápice era na Praça Castro Alves, com o encontro dos trios e as presenças de artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa entre outros.
Atualmente morando em São Paulo, mas sempre ligado à Bahia onde tem inúmeros amigos, Zé Simão (que mandou avisar: em fevereiro estará passando uns dias em Arembepe), nosso querido Macaco Simão, colunista da Folha de S.Paulo e comentarista da BandNews FM, conversou com o Baú do Marrom e lembrou como era a badalada loja – boutique que funcionava numa galeria próxima do então Hotel da Bahia, atual Wish. Para lembrar os foliões: a loja ficava ao lado de onde hoje é a sede do bloco de travestidos As Muquiranas.
Fala Simão: “Salvador 1982! Eu e Antônio Salomão resolvemos abrir uma loja de roupas e objetos de vanguarda. Escolhemos Campo Grande! Encomendamos o nome da loja para o poeta Waly Salomão! Ele sugeriu Talismã Tropical! Fizemos em neon. Colorido! Chamativo! Ostentação! A loja virou point. Para a juventude hype, os amigos Marrom, Sylvia Patricia, Jussara Silveira, Bebete Martins e Claudinha laranjeira. Que foi nossa funcionária. Passava o dia rindo e dobrando camiseta! A loja era mais ponto de encontro que gerava lucro. O babado era mais importante que o lucro. Toda tarde apareciam também Danda (que já nos deixou) irmã de Ana Célia e Lady Neide do Zanzibar! Em 84 fechamos e viemos pra São Paulo. Mas ficou na memória de salvador. Saudades, viu!”.
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O famoso letreiro de neon que ficava em frente da loja (Foto: Acervo pessoal de Zé Simão) |
Pois é. Como Zé Simão falou, eu realmente frequentava muito o local. Era uma maravilha. Só para contextualizar, Antônio Salomão (nos deixou em 2006) na época era companheiro e sócio de Simão. Além de baiano Salomão (sobrinho dos poetas e compositores Wally Salomão e Jorge Salomão, ambos também nos deixaram respectivamente em 2003 e 2020) ficou muito conhecido por sua coluna Pimenta do Salomão no site Babado no Fuxico. Ele também trabalhou no Jornal da Tarde. No dia do seu enterro em São Paulo marcaram presenças Astrid Fontenelle, Zeca Camargo, Joyce Pascowitch, Erika Palomino, Matinas Suzuki Jr, Lorena Calábria, entre outros.
Ex- cantora e hoje Empresaria do ramo de alimentação, Claudia Laranjeira conhecida como Caú e irmã da jornalista Isabela Laranjeira, foi uma das vendedoras da Talismã Tropical, morando há muitos anos no Rio de Janeiro também lembrou dessa época: “sei que a loja se tornou um point no verão e que a gente se divertia muito”.
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Capa do livro escrito por Zé Simão e Waly Salomão qque vendia na loja (Divulgação) |
Outra vendedora, a também cantora Jussara Silveira que continua na ativa, guarda bem na memória essa lembrança:
“O Bazar Talismã Tropical era uma loja que vendia roupas e objetos geniais. Antônio me apresentou a Simão e eu fui trabalhar com eles junto com minha amiga Caú. Era genial porque eu escutava todo som da vanguarda paulista. Foi o primeiro lugar que teve o Beleléu de Itamar Assumpção, os discos de Arrigo Barnabé. Além disso, tocava clássicos de Billie Holiday, a Tropicália. Ou seja, era um point onde pessoas iam comprar mas iam curtir a música do local. Me lembro de ter conhecido pessoalmente Wally Salomão que se tornou meu grande amigo. Quem ia também era Gilberto Gil. E era uma alegria para os meninos. Nossa amizade se estendia ao teatro a praia. Era uma época de muita vibração, alegria e muitas gargalhadas”.
Também citada por Simão, Sylvia Patrícia, cantora compositora que viveu um tempo entre o Rio de Janeiro e São Paulo e agora está morando em Salvador vibrou quando soube que iria fazer um Baú sobre o Talismã Tropical. E também deu seu depoimento.
”Eu amava o letreiro em Neon super colorido, “Talismã Tropical” com um coqueiro, bem a cara da estética de Simão, de “Folias Brejeiras”. Era um point de encontros e risadas.. Sim muitas risadas. A gente ja andava junto o tempo todo, então ir pra loja era mais um programa, virou um point do verão..” a loja ficava no prédio do Hotel da Bahia”.
Fonte: Agência Brasil