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Festival de cancelamentos: setor de eventos já sente impacto com novo decreto

A Bahia vive uma alta de casos de covid-19 que, associados à gripe e à flurona, tem lotado todas as unidades de atendimento médico no estado e preocupado gestores. Por isso, nessa segunda-feira (10), o governador Rui Costa (PT) anunciou medidas para frear o avanço do vírus. Os eventos, que antes podiam receber 5 mil pessoas, só poderão ser realizados com até 3 mil, no máximo. 

Nos estádios, teatros e cinemas, também houve mudança, reduzindo a capacidade máxima para 50%. Já bares e restaurantes poderão funcionar com capacidade máxima, mas exigindo comprovante de vacinação. 

Em entrevista à TV Bahia, Rui disse que há um pré-colapso no sistema de saúde nas emergências das UPAs e emergências estaduais.

“Tomamos essas decisões baseados nisso e no grande crescimento do número de casos ativos. Esses serão os dois indicadores que iremos monitorar: o percentual e a situação das UPAs e postos de saúde. Além, claro, dos casos ativos [que hoje são 4.499”, informou.

Descontentamento
Associações ligadas aos eventos afirmaram que o impacto da restrição será grande, já que a medida entra em vigor no período em que há alta no número de atrações culturais. Moacyr Villas Boas, presidente da Associação Baiana das Produtoras de Eventos (Abape), afirma que a previsão não é nada animadora.

“O impacto é devastador, várias festas já estão anunciando adiamentos e cancelamentos. A reação é imediata porque, com essa quantidade de público, muitos eventos passam a ter a realização inviável por motivos financeiros”, declara Villas Boas.

Ainda segundo o presidente, não se sabe ainda um número exato de cancelamentos por conta da medida (veja lista abaixo).

“O Verão 2022, que aconteceu com Nando Reis no último final de semana e ia acontecer com Baiana System e Pitty, foi cancelado. O de Geraldo Azevedo e Chico César já estamos estudando o cancelamento. Vai vir uma porrada de vários outros, com certeza dezenas de grandes eventos vão deixar de acontecer”, garante. 

Presidente da Associação de Profissionais de Eventos (APE), Adriano Malvar, preferiu não comentar a redução, mas criticou o que chamou de descaso da gestão estadual com os profissionais de eventos que seguem sem assistência durante a pandemia.

“Estávamos na esperança de que, após resolver o problema dos empresários com eventos de 5 mil pessoas, ele [Rui] fosse olhar para nós, pequenos, com um auxílio, um suporte ou algo assim. Vejo que esse governo vai de mal a pior, principalmente com o setor cultural”, reclama.

Acerto técnico
Para o infectologista Matheus Todt, a redução de público é necessária, apesar de não se tratar ainda da medida ideal para combater o crescimento de casos.

“Há um pico de casos compatível com uma nova onda. O certo seria não haver nenhum evento que pudesse ter aglomeração. Limitar a capacidade é melhor que nada, mas não é ideal em um cenário como este”, fala o infectologista, citando o surto de gripe e casos de flurona que estouram em paralelo com o crescimento dos casos de covid-19.

Todt diz ainda que outros setores da economia precisariam voltar a ter restrições para atenuar o alastramento do vírus entre os baianos.

“Principalmente em bares e restaurantes que têm pessoas próximas e sem máscara, poderia haver mais restrições. Além da cobrança de passaporte da vacina, voltar a ter uma redução na ocupação máxima seria prudente”, alerta.

Carnaval sem festa
A Bahia poderá ter ainda mais restrições se os casos continuarem aumentando. Após anunciar as medidas, o governador Rui Costa afirmou que o estado pode proibir a realização de eventos de qualquer natureza em fevereiro.

“Nós não teremos Carnaval e se continuar nesse ritmo, nem festa particular haverá. Mantenho a recomendação de dezembro para que a população não compre essas festas”, disse o governador.

Apesar da distância para o feriado de Carnaval, Matheus Todt acredita que é provável que essa medida seja mesmo necessária no período, pelo que mostra a curva de casos.

“Eu vejo isso como uma possibilidade muito grande, nós estamos caminhando para um outro pico de casos, uma nova onda. É uma tendência de aumento que, se mantida, inviabiliza uma realização segura de eventos no período”, conclui.

Veja lista de eventos cancelados e adiados:

Cancelados

Pier Sound – Sorriso Maroto e Pagodart – 8 de janeiro
Feijão do Casarão – Batifun – 8 de janeiro
Verão da Osba – 8 e 9 janeiro
Bonfim de Tarde – Bell Marques e Xanddy – 13 de janeiro
Baile da Santinha In the Park – 14 e 21 de janeiro

Adiados

Pranchão – Durval Lelys e Saulo – 8 de janeiro
Baile Pierrot – Bailinho de Quinta, Gerônimo e Fanfarra Pierrot – 8 de janeiro
Biergarten – Os Myfriends, Dj Secretinho, Vini e Magary – 8 de janeiro
Ensaio da Timbalada – 9 de janeiro
Festa Magia – Luiz Caldas e Zeca Baleiro – 15 de janeiro
Circuito Verão 2022 – Larissa Luz, Baiana System e Pitty – 15 de janeiro
Circuito Verão 2022 – Titãs e Jota Quest – 22 de janeiro
Axezin, com Alexandre Peixe – 15 de janeiro
Violivoz, com Chico César e Geraldo Azevedo – 14, 15 e 16 de janeiro
Lulu Santos – 13 de fevereiro

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro

Fonte: Agência Brasil

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