O presidente Jair Bolsonaro classificou a fala do deputado estadual Arthur do Val (Podemos-SP) sobre mulheres ucranianas como “asquerosa”.
“É tão asquerosa que nem merece comentário”, disse o presidente em frente ao Palácio da Alvorada, neste domingo, 6, conforme mostrou a CNN.
O parlamentou enviou mensagens por áudio a amigos no WhatsApp com declarações ofensivas a mulheres ucranianas, dizendo que elas são “fáceis porque são pobres”.
O comentário causou reação em diversos grupos políticos, incluindo no Podemos, partido que pretendia lançar Arthur do Val como candidato ao governo paulista.
O deputado deve ser investigado pela Assembleia Legislativa de São Paulo, onde colegas apresentaram representações pedindo a cassação do mandato.
Num vídeo em suas redes, o deputado estadual admitiu que pode abandonar a carreira: “Se acharem que não está legal, eu paro. A gente faz tanta coisa, e, de repente, o que fura a bolha é isso. Se falarem que a trajetória, depois do que eu falei, não dá mais [para continuar], eu saio. Não tem problema. Nunca estive na política por carreira, dinheiro ou poder, estou pela missão. Se estou atrapalhando a missão, eu saio”, disse ele no vídeo.
Retirou candidatura
Em razão dos áudios vazados, Arthur do Val retirou neste sábado (5) a pré-candidatura ao governo de São Paulo após a divulgação dos áudios. “Não tenho compromisso com o erro. Entrei em contato com a presidente do Podemos, Renata Abreu, para retirar minha pré-candidatura ao governo de São Paulo”, escreveu ele em nota publicada no Instagram.
Do Val disse ainda que tomou essa decisão na tentativa de preservar o que chamou de “construção de uma terceira via”. “O projeto não merece que minhas lamentáveis falas sejam utilizadas para atacá-lo.” Na sexta-feir (4), o presidenciável do Podemos, Sérgio Moro, já havia repudiado as declarações e rompido com Do Val.
Renata Abreu também classificou as declarações como “gravíssimas”, e o Podemos instaurou um procedimento disciplinar interno. A preocupação no partido é sobre como a polêmica envolvendo um integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) pode recair sobre a pré-candidatura de Moro, a quem o grupo se aliou
Conhecido como “Mamãe Falei”, o deputado também publicou um vídeo no qual diz que aceita ser julgado pelo que falou, mas que não pelo que não fez. “Tive a experiência mais transformadora que já vivi. Isso está sendo colocado como se eu tivesse ido arriscar minha vida para fazer turismo sexual.” Ele afirmou que enviou os áudios para um “grupo de amigos do futebol”, depois de deixar a Ucrânia. “Senti alegria. Comecei a mandar mensagem para todo mundo.” Antes da publicação do vídeo, o deputado falou com jornalistas no aeroporto de Guarulhos, onde desembarcou ao chegar da Europa. Declarou que foi à Ucrânia em missão humanitária e pediu desculpas.
Repercussão
O MBL repudiou as declarações de do Val e, em nota, disse subscrever o pedido de desculpas do deputado. O encarregado de negócios da Embaixada da Ucrânia no Brasil, Anatoliy Tkach, disse neste sábado que os comentários do deputado são “inaceitáveis”.
Na Assembleia Legislativa, os deputados Paulo Fiorilo, Emídio de Souza e José Américo, do PT, e Isa Penna (PSOL) acionaram o Conselho de Ética da Casa contra o colega por quebra de decoro parlamentar.
Fonte: Agência Brasil