Em um estudo divulgado no primeiro trimestre deste ano pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil lidera os casos de ansiedade e depressão em lista de 11 nações, seguido, respectivamente, por Irlanda e Estados Unidos. Estima-se que 18,6 milhões de brasileiros são afetados.
As questões ligadas à saúde mental e emocional não impactam só a qualidade de vida do indivíduo, mas o universo do trabalho. Dados da International Stress Management Association no Brasil (Isma-BR) mostram que 33 milhões de brasileiros foram acometidos por Burnout, a conhecida Síndrome do Esgotamento.
Buscando cuidar dos seus recursos humanos, empresas passaram a adotar políticas de sustentabilidade emocional. Como acontece com o meio ambiente e os recursos naturais, nessa proposta, o equilíbrio e a harmonia são as ferramentas para evitar queima total das capacidades, especialmente no ambiente do trabalho.
Com experiência vasta na atuação em departamentos de pessoal, a psicóloga Carmen Rezende reforça que a sustentabilidade emocional é que ajuda a sustentar as boas relações e a força interior. “Para qualquer carreira, é necessário esse olhar para se desenvolver de forma saudável profissionalmente. É ter autoconsciência dos limites, comunicá-los e estabelecê-los”, orienta.
Carmen Rezende salienta importância de respeita limites para que vida pessoal e profissional estejam equilibradas (Foto: Acervo pessoal) |
Meio e não fim
A psicóloga clínica, com ênfase em psicanálise, Taiane De Filippo (taianefilippo@gmail.com) destaca que a saúde mental é, antes de tudo, saúde nas relações interpessoais, na família, no trabalho, com os amigos.
“As carreiras precisam ser pensadas como uma parte importante de nossa condição social, o trabalho deve melhorar nossa saúde mental e não o contrário. No mundo do trabalho, assim como na vida, temos que lidar com as frustrações, isso também deve ser compreendido como sustentabilidade emocional”, afirma.
Taiane chama atenção para o fato de que existem 7 bilhões de seres humanos e que é necessário aprender a equacionar as satisfações e insatisfações. No ambiente laborativo, a psicóloga reconhece que as soluções não são mágicas e nem devem ser pensadas de cima para baixo.
“Grupos de discussão podem ser implementados para que trabalhadores e gestores encontrem mecanismos de apoio à sustentabilidade, a exemplo de folgas semanais, para além do fim de semana, ou uma nova forma de existir nesse mundo que atravessou muitas mudanças”.
Taiane De Filippo defende que a sustentabilidade emocional seja encontrada em cada ambiente laboral de modo democrático e racional
|
Psicoeducação
Carmen Rezende ainda afirma que as empresas podem efetivamente estimular a produtividade sustentável, especialmente se desenvolverem a psicoeducação.
“É fundamental capacitar e habilitar cada um para entender e identificar gatilhos de estresse e ansiedade e trazer diretrizes de técnicas para voltar a uma boa administração emocional, usando as ferramentas emocionais mais adequadas ao contexto”, sugere a especialista.
Para Carmen, um projeto feito de forma duradoura dentro de uma organização garantiria produtividade e retenção de talentos. “Atualmente, a maioria das empresas, de pequenas a grandes, sofrem um custo financeiro, de clima e turnover muito grande. Estamos vivendo em ambientes de pessoas adoecidas e que não encontram propósito”, diz, justificando que investimentos em sustentabilidade emocional são importantes para manter o trabalho saudável.
Sinais de alerta:
Essas são algumas das pistas que recebemos do cérebro para sinalizar o esgotamento mental:
• choro compulsivo,
• pressão arterial alta,
• depressão,
• irritabilidade,
• pouca vontade de executar atividades que antes era visto como lazer,
• ansiedade.
Como lidar:
• Reveja suas atividades e evite absorver aquelas que não poderão ser feitas;
• Reavalie os hábitos de alimentação e exercício físico;
• Invista tempo nos pequenos prazeres;
• Analise como os problemas rotineiros e as frustrações estão impactando na vida.
Fonte: Agência Brasil