Até 2023, o iFood pretende ter 50% das mulheres em cargos de liderança, 35% delas na alta gestão e 30% de pessoas negras em posição de chefia. A empresa está trabalhando para neutralizar a emissão de carbono e elevar para 50% o número de entregas realizadas através de modais limpos até 2025, além de ampliar cursos de capacitação. Essas metas foram traçadas há cerca de três anos e fazem parte do chamado ESG, um conceito que reúne governança ambiental, social e corporativa voltada para o bem estar coletivo.
À primeira vista, o termo pode parecer complicado, mas os palestrantes convidados do I Fórum ESG Salvador, realizado pelo Jornal CORREIO e Alô Alô Bahia, deram alguns exemplos simples durante o último dia do evento, no Porto Salvador, ontem. Ações que combatem discriminações, que incentivam a diversidade e adequam produtos aos mais diversos públicos são algumas dessas práticas.
Foi-se o tempo em que uma empresa existia sem pensar o seu lugar no mundo e em que o lucro era o único critério na balança das decisões. Questões como desigualdades social, racismo, machismo, homofobia, poluição ambiental e outros males que atravessam a vida moderna também entraram no debate corporativo. No caso do iFood, o head de políticas públicas da empresa, Felipe Daud, contou que as metas incluem ainda a abertura de novos cursos e incentivo à educação.
“ESG para o iFood é traduzido como educação, meio ambiente e inclusão, além de algumas práticas de governança corporativa que a gente implementa na empresa. Ele permeia nossas ações com metas muito claras e é o que nos dá propósito. Essa discussão começou desde o início da empresa, há dez anos, mas ganhou mais força a partir de 2016”, contou.
Em Salvador, a empresa fez parcerias com a prefeitura e associações para oferecer cursos de capacitação e aprimoramento, implantar novos postos de reciclagem e ampliar o número de bicicletas elétricas disponíveis para os entregadores, além de incentivar olimpíadas de tecnologia nas escolas.
Inovação
Tecnologia e inovação foram temas da palestra de Paulo Rogério, cofundador do Vale do Dendê, empreendedor e consultor em diversidade. Ele destacou outros exemplos de sucesso que foram desenvolvidos pensando o ESG, dentro e fora do Brasil. Paulo afirmou que é necessário pensar saídas para os problemas do dia a dia a partir de medidas inovadoras e inclusivas, e que a sustentabilidade deve sempre estar no horizonte do poder público, da iniciativa privada e de ações individuais.
“Soluções inovadoras necessitam observar a diversidade e ter sustentabilidade. Essa é a discussão mais importante atualmente, pelas questões ambientais e sociais evidentes. É uma discussão urgente. E Salvador, por ter a diversidade em seu DNA, deve trabalhar para ser reconhecida como a capital do ESG”, afirmou.
Paulo disse também que é necessário mudar o olhar construído sobre as favelas como local de violência e perceber que elas também são fontes de inovação. Ele citou o exemplo da Bicipreta, coletivo de mulheres negras de Salvador que desenvolveu um capacete ergonomicamente pensado para cabelos afros e uma bicicleta pensada para moradores de morros e baixadas. O projeto está sendo desenvolvido na Holanda.
O I Fórum ESG Salvador é um projeto realizado pelo Jornal Correio e Alô Alô Bahia com o patrocínio da Acelen, Unipar, Yamana Gold, Bracell, BAMIN, Socializa e Suzano, apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador e Sebrae, apoio de Contermas, Battre, Termoverde, Terra Forte, Hela, Retec, Ciclik, Larco, Grupo LemosPassos, Fundação Norberto Odebrecht e Hiperideal, parceria de Vini Figueira Gastronomia, Fernanda Brinço Produção e Decoração, Uranus2, TD Produções, Vinking e Suporte Eventos.
Confira alguns exemplos de inovação e diversidade:
- Gaynor Minden – empresa americana que desenvolveu sapatilhas para bailarinas cor da pele para pessoas negras;
- Bevel – produz linha de barbear para homens negros que evitavam a irritação da pele provocada pelos barbeadores tradicionais;
- Fubu – criou um estilo inspirado nas ruas de Nova York que se popularizou nos EUA e no mundo;
- Bolden Skin Care – empresa nigeriana que criou um protetor solar transparente para o dia a dia;
- Band Aid – lançou uma linha cor da pele pensando todas as matrizes de cor para tornar mais suave o uso do produto;
Confira o depoimento de algumas pessoas
“Estamos falando da sobrevivência do nosso planeta, do ponto de vista da sociedade, das pessoas, e do também do ponto de vista do meio ambiente. Esses temas precisam ser debatidos sempre. É uma honra estar aqui como representante da Fundação Norberto Odebrecht participando de um tema tão importante quanto esse. As empresas não estão priorizando apenas discurso, a teoria, mas buscando metas e ações para implementar movimentos que façam a transformação e a diferença com responsabilidade. Eventos como esse Fórum fortalece e reforçam a importância que nós temos hoje, como pessoas, para preservar o nosso planeta”, afirmou Fábio Wanderley, superintendente da Fundação Norberto Odebrecht.
“O procedimento das atividades empresariais tem que estar vinculado a nova realidade do mundo, e a nova realidade do mundo tem preocupação com todos, com o planeta, as pessoas, os clientes, os associados e os acionistas. É preciso ter uma visão cada vez mais ampla de tudo isso. Os cuidados, por exemplo, na área de discriminação e diferenciação de pessoas gera prejuízo na empresa e dentro das comunidades. O setor que eu represento é um exemplo, através dos nossos procedimentos internos e certificações nacionais e internacionais com as quais trabalhamos essas práticas já vem evoluindo há muito tempo, e é preciso fazer mais”, afirmou Wilson Andrade, diretor executivo da Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (Abaf).
Fonte: Agência Brasil