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Mais duas joias chegam para a estante do futebol baiano

A biblioteca esportiva ganhou duas belas joias: Enciclopédia do Futebol Baiano, por Victor Thiago Porto dos Santos; e Memórias do Esporte Clube Vitória, por Tiago Bittencourt, Milton Filho, Allan Correia e Lucas Gramacho.

Na melhor tradição iluminista de Voltaire, Diderot e D’Alembert, o enciclopedista baiano reuniu em 226 páginas o sumo de nosso futebol, desde o primeiro campeonato em 1905.

Valeu o esforço, como semeadura para futuras edições mais frondosas, oferecendo o autor serviço arquivístico diferenciado das ditaduras acadêmicas, muitas vezes de linguagem hermética e nada acessível.

Victor nos traz os maiores clássicos, desde o Ajuste de Contas (Vitória x São Salvador), e reinterpreta a chegada da bola, com a iniciativa de Zuza Ferreira, em outubro de 1901, entre outras preciosidades.

As maiores goleadas e a metamorfose da arte de desenhar as taças estão presentes, mas também uma lacuna a ser preenchida: a relação completa de artilheiros de todas as disputas.

Todas as campanhas de clubes baianos na Série A e, em perspectiva cidadã, a publicação do Estatuto de Defesa do Torcedor, além de estádios, distintivos, fundadores e a história dos ídolos estão no livro.

O trabalho evidencia ser o nosso futebol muito maior em relação às representações limitadas a Bahia e Vitória, municiando nossos atuais gestores a promover maior integração com o interior desassistido.

Coincide com a feliz iniciativa de transmissão pela tevê do Campeonato Baiano da Segunda Divisão, antes um mero torneio de acesso, hoje uma competição bem organizada com 12 agremiações.

Já o Memórias do Esporte Clube Vitória, com lançamento para amanhã à noite, 2 de junho, na Loja do Leão do Shopping Capemi, superou as projeções mais otimistas para a publicação elaborada em 12 anos de trabalho.

O método de viabilizar a interpretação da trajetória do clube pioneiro revelou-se acertada, ao permitir aos entrevistados narrar detalhes curiosos e ilustrativos da metamorfose em 123 anos de Vitória.

A carência de material esportivo levava os jogadores mesmos a lavar os uniformes e nem sempre dava tempo de enxugar; a alimentação era escassa, cabendo a dona Tidinha armazenar os bifes na conta certa.

Vale a pena conhecer esta transformação, considerando as condições de hoje, quando já não se precisa treinar num campo chamado Perônio, nomeado assim como ironia pelas lesões provocadas pelos buracos.

Do atraso no pagamento dos ordenados à atual era dos empresários, fica a impressão de não terem razão os atuais jogadores de queixarem-se de falta de estrutura ou oportunidade de fazerem seu pé de meia.

São expostas dúvidas na escolha das revelações, pois o descarte de talentos em condições de gerar receita para o clube contrasta com a insistência em atletas com maior potencial de lucro para procuradores.

A leitura atenta revela a dedicação da rubro-negra Isaura, a ponto de bancar a aquisição de uniformes para garantir a viagem dos times de base em torneios no exterior, quando a diretoria parecia esquecidinha.

O livro nos revela um Vitória mais próximo do que é, tomando como premissa ser a “realidade a representação mais fidedigna possível dos fatos e das coisas como são”. Parabéns para os autores!

Paulo Leandro é jornalista e professor doutor em Cultura e Sociedade.

Fonte: Agência Brasil

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