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"Situação constrangedora", diz Cremeb sobre rim entregue em saco plástico

O presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb), Otávio Marambaia, classificou o caso de Jeferson Bispo, que teve rim colocado em saco plástico e entregue para família no último sábado (23), como “uma situação precária, danosa e constrangedora para o paciente”. 

Em nota, o presidente afirmou que o episódio é consequência do desmantelamento da estrutura dos hospitais públicos. Para ele, existe falha nos serviços de diagnóstico baseado no exame macroscópico de peças cirúrgicas. Como os hospitais estão sem o serviço, a família de Jeferson – que alega não ter sido devidamente orientada 0 teve dificuldade para entender o procedimento e encontrar um laboratório pelo SUS para realizar o exame solicitado. 

“O estado [da Bahia] deveria manter uma rede credenciada para esses exames, que seriam enviados diretamente pelo próprio hospital, evitando desta maneira o constrangimento da família e do paciente. É uma situação que já deveria ter sido equacionada pelos governos de modo a cuidar de maneira adequada dos pacientes nessa situação. Entendo perfeitamente o desalento e até a revolta da família ao se ver nessa situação”, diz. 

A Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) reconheceu que houve falha no fluxo de atendimento e afirmou que a função já está sendo corrigida. “O material foi entregue novamente ao hospital, que providenciará a biópsia. Foi aberta apuração para identificação e correção do fluxo com reforço de treinamento da equipe”, declarou. 

Já o cirurgião, urologista e capelão, Ronaldo Barros, esclarece que a condição do rim dentro de um saco plástico – estando em condição correta de gramatura e formol totalmente embebecido – não interfere na feitura do exame. Para ele, é possível que o caso de Jeferson tenha sido uma “situação de excepcionalidade”, no entanto, reconhece que a situação choca a visão dos pacientes e familiares e que não é o ideal. 

“Eu vivenciei serviço público, às vezes falta recipiente de vidro. E, normalmente, a gente tem visão leiga, mas saco plástico de gramatura satisfatória e dado em nó não ocorre evaporação. [Também] é possível que tenha sido optado por entrega em saco para conservar o tamanho do órgão. A entrega do órgão dentro de um saco deve ter havido algum motivo plausível”, defende. 

“A preocupação principal é que o esteja escrito o nome, data, qual é o conservante que está ali dentro e tempo de validade. Essa informação é de bom tom que seja passada”, orienta.

Quanto ao tamanho do rim, que, segundo a esposa de Jeferson parecia estar inteiro, o médico explica que a integridade do órgão aponta para necessidade de constatação ou identificação do tipo de lesão, a fim de entender como ocorreu o evento do trauma. 

A reportagem entrou em contato com o Hospital Geral Menandro de Faria e Associação Bahiana de Medicina (ABM) solicitando contato com representantes das instituições para posicionamento, porém, não recebeu retorno. Já o Sindicato dos Enfermeiros do Estado da Bahia (Seeb) informou não estar ciente da situação. 

*Com a orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro 

Fonte: Agência Brasil

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