A primeira temporada da polêmica série sobre a proposta de transferir o Carnaval na Barra e Ondina para o trecho entre a Boca do Rio e Patamares chegou ao fim na sexta-feira, com desfecho favorável a quem se posicionava contra a medida. Pelo menos para a folia de 2023, o prefeito Bruno Reis (União Brasil) decidiu que não há tempo hábil para concretizar a mudança e anunciou que o circuito continuará no local de sempre por mais um ano.
O projeto elaborado pelo Conselho Municipal do Carnaval (Comcar), órgão que reúne representantes dos principais segmentos envolvidos com a festa, foi apresentado ao prefeito na quinta-feira. Embora avalie que, à primeira vista, a mudança pode trazer benefícios para a folia, Bruno Reis ressaltou que será preciso mais tempo para analisar detalhadamente a proposta, em decisão comemorada por artistas, foliões e empresários ligados ao trade carnavalesco.
“Ao conversar com nossa equipe ontem (quinta) e diante da magnitude do projeto, não há como dizer se (a proposta) é viável e se dá para colocar todos os serviços (no novo circuito) – saúde, segurança e toda estrutura montada pela Saltur (Empresa Salvador Turismo) – sem uma análise mais profunda. Por mais que corrêssemos, não tinha como dar uma resposta com segurança em menos de um mês”, explicou o prefeito.
A manutenção da folia na Barra , contudo, não significa o capítulo final da série. Bruno Reis lembrou que no próximo ano haverá uma configuração diferente na cúpula do Comcar e que a pauta pode voltar à discussão ao longo de 2023. “Esse circuito vai surgir a partir da nova orla que vamos construir na Boca do Rio, obra que homologamos hoje (sexta)”, afirmou.
Questionado se o posicionamento de artistas contrários à mudança influenciou a decisão, o prefeito disse que “a opinião de todos contribuiu, mas a principal motivação foi a falta de tempo, tendo em vista que já está em curso a comercialização dos produtos da folia, como blocos e camarotes”. No mesmo compasso, Bruno Reis prometeu mais investimentos para fortalecer os circuitos Osmar (Campo Grande), Batatinha (Centro Histórico) e o Carnaval nos bairros.
Repercussão
O anúncio da permanência da festa na Barra foi feito no Espaço Cultural da Barroquinha, próximo à Praça Castro Alves, um dos símbolos do Carnaval, e teve repercussão imediata. “A gente comemorou demais, porque foi essa a recomendação do conselho. Foram dois anos de pandemia e sem Carnaval, então, é necessário tempo (para realizar a mudança)“, destacou o presidente do Comcar, Joaquim Nery.
Presente à solenidade, o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis na Bahia (ABIH-BA), Luciano Lopes, defendeu a permanência da festa na Barra. Em especial, para atingir a meta de 100% de ocupação dos 40 mil leitos hoteleiros de Salvador no próximo Carnaval. “É uma decisão acertada. A possibilidade de mudança estava gerando muita insegurança para o cliente final”, afirmou.
A partir de julho, quando a hipótese de transferir o circuito da Barra para a orla da Boca do Rio entrou pauta, artistas como Bell Marques, Durval Lelys, Luiz Caldas e Tatau se colocaram publicamente contra a ideia, em movimento apoiado por foliões nas redes sociais.
Apoio à mudança
No outro lado da polêmica, o grupo favorável à mudança, integrado por moradores, comerciantes e parte dos empresários da indústria carnavalesca, aponta a superlotação da folia no bairro e a impossibilidade de garantir conforto para o público, além de acesso adequado a serviços básicos, como transporte, trânsito e segurança.
Os argumentos de quem apoia a transferência ganham força diante dos eventuais benefícios da proposta. Além do espaço mais amplo da Boca do Rio, a orla do bairro passará por reformas nos próximos meses, com investimento de R$ 130 milhões no trecho até Piatã e previsão de término em um ano.
A primeira etapa começará em setembro, vai durar cinco meses e contempla a área pensada para abrigar o novo circuito. Se o folião dirá adeus ao Carnaval da Barra no futuro, só será possível saber quando começar a segunda temporada da série. Por enquanto, é até breve.
Capital terá 120 novos voos e programa de turismo afro
Ao confirmar a continuidade da folia na Barra por mais um ano, o prefeito Bruno Reis lançou o novo programa para impulsionar o turismo de identidade afro e anunciou que a companhia aérea Azul vai disponibilizar mais 120 voos ligando Salvador a oito destinos entre dezembro e janeiro. A empresa e a prefeitura decidiram unir esforços para promover ações voltadas a divulgar a capital baiana nos polos emissores de turistas nacionais, com expectativa de atrair 28 mil visitantes a mais durante a alta estação.
O CEO da Azul Viagens, Daniel Bicudo, contou que os novos voos representam crescimento de 70% na quantidade de assentos disponibilizados pela empresa em Salvador e explicou o motivo de ter escolhido a capital para ampliar ações de promoção. “Salvador é um mercado a ser desbravado. A gente tem segurança do investimento, porque vemos o que está sendo feito por toda essa comunidade, então, é fazer com que haja desenvolvimento social e cultural da cidade cada vez maior”, afirmou o executivo, ao destacar também o programa turístico de identidade afro..
Os novos voos partirão das cidades de Confins e Uberlândia (MG), Rio de Janeiro (RJ), Goiânia (GO), Campinas, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto (SP), e Foz do Iguaçu (PR). As viagens acontecerão nas aeronaves Embraer E1 e E2 e Airbus A320, com capacidade para 118, 136 e 174 passageiros, respectivamente.
Já o Salvador Capital Afro é um programa de estímulo do turismo nesse segmento e contará com ações para valorizar manifestações culturais e de incentivo ao potencial criativo, tradições, tecnologia e afroempreendedorismo.
As ações, que inclui cursos de capacitação, ocorrerão aos finais de semana até novembro, em cinco territórios estratégicos do município: Centro Histórico, Liberdade/Curuzu, Rio Vermelho, Itapuã e Ilha de Maré. A programação ainda será divulgada pela prefeitura.
Fonte: Agência Brasil