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Salvador é a primeira cidade da América Latina a montar grupo de trabalho de enfrentamento dos impactos da elevação do nível do mar

A mudança climática é um fato, e não cabe mais idealizar esse cenário apenas em um tempo futuro. Dados recentes do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas dão conta de que o nível do mar está aumentando em todo o mundo e ameaça invadir terras hoje ocupadas por cerca de 10% da população global. Além disso, as inundações costeiras que ocorrem uma vez a cada século passarão a ocorrer, pelo menos, uma vez por ano em mais da metade das costas de todo o mundo.

Salvador também entrou no radar de risco. Segundo o Climate Central, toda a região do bairro do Comércio, por exemplo, sofre sérias ameaças com o aumento da temperatura e consequente elevação do nível do mar, podendo estar completamente embaixo d´água nos próximos 70 anos. Outros importantes pontos turísticos da capital como o Porto da Barra e a Ilha dos Frades também estão ameaçados com o avanço da maré. O que parecia distante já apresenta sinais claros de seus efeitos. Nessa semana, vídeos viralizaram na internet mostrando ondas gigantes invadindo o Yatch Clube da Bahia e o calçadão da localidade conhecida como Pedra da Sereia, no bairro de Ondina, dando mostra dos atuais impactos causados pelo aquecimento global. 

Cumprir as metas mais ambiciosas do acordo climático de Paris de 2015 poderia reduzir a exposição ao aumento do nível do mar em cerca de metade. Mas, infelizmente, o mundo não está a caminho de limitar o aquecimento global a 1.5 °C. Com base nas emissões atuais, a Terra pode alcançar ou mesmo exceder o aquecimento de 3 °C até 2100. 

Não deverá existir no mundo uma nação imune às consequências do descontrole das atividades humanas que impactam diretamente o clima. Se continuarmos fazendo tudo da mesma forma, os graves danos serão inevitáveis. Para reverter este cenário é preciso atuar desde já na combinação de estratégias audaciosas de combate às mudanças climáticas em sintonia com medidas de adaptação e soluções baseadas na natureza (SBN). Apenas atuando de forma interinstitucional poderemos traçar uma estratégia que realmente surta efeito para os próximos 70 anos. 

Por isso, no último dia 10 de agosto, a Prefeitura de Salvador deu um importante passo. Fomos a primeira cidade da América Latina a criar um Grupo de Trabalho para o enfrentamento da elevação do nível do mar. Coordenado pela Secretaria Municipal de Sustentabilidade e Resiliência, o colegiado tem o objetivo de monitorar e implementar ações relacionadas à elevação do nível do mar na cidade, bem como definir estratégias para minimizar os impactos do fenômeno nos próximos anos no município. Em um ano, o GT vai elaborar o Plano de Adaptação para minimizar esses possíveis impactos. O nosso principal projeto é o Plano de Ação Climática de Salvador, com o compromisso da neutralização do carbono até o ano de 2049, aniversário de 500 anos da cidade, em conformidade com o Acordo de Paris. O Plano foi financiado com recursos do BID, com apoio da C40, GIZ e WRI, grandes parceiros da cidade de Salvador no desenvolvimento de estudos e projetos técnicos para mitigação dos efeitos das mudanças climáticas. 

O pioneirismo na implantação do Grupo de Trabalho e demais ações que tornarão a capital baiana uma cidade carbono zero demonstram o compromisso de uma gestão não apenas com a pauta ambiental, mas sobretudo, com a vidas dos soteropolitanos, uma vez que os impactos desses fenômenos atingem aspectos sociais e econômicos. Estamos construindo uma cidade modelo e referência global na implementação de ações de sustentabilidade e resiliência. 

Acompanhar, estudar, planejar ações, mitigar impactos e adotar medidas de adaptação não são fruto de adivinhação futurísticas. São políticas públicas e de amor à cidade e às pessoas que nela vivem, investem e passeiam nela.

Marcelle Moraes – secretária municipal de Sustentabilidade e Resiliência de Salvador
 

Fonte: Agência Brasil

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